Falar da ACISJF é falar de quase 100 anos de história de uma instituição, tarefa difícil de síntese dadas as contingências de espaço e lugar. Constituída no distante ano de 1914, em plena 1ª República, no auge de um despropositado anticlericalismo remetendo à Igreja Católica todos os males do país, a sua fundadora, Maria Emília Brandão O’Neill Pereira Palha, reivindicou-lhe sempre o carácter Católico de obra protectora de jovens mulheres migrantes. E no sublinhar do mesmo nunca dele abdicou, valendo-lhe a inimizade de muitos e a incompreensão de alguns. A instituição, constituída no espírito de auxílio às mulheres mais desprotegidas, às mais frágeis, distantes da solidariedade familiar, criou logo de início um escritório de colocações – chamar-se-ia hoje agência de emprego! - procurando trabalho digno e honesto para as jovens que demandavam a cidade, exigindo horário de trabalho e descanso semanal, numa época em que os mesmos se encontravam ausentes das preocupações sociais e laborais. Em simultâneo procurou ministrar formação profissional a essas jovens mulheres, com o auxílio das Irmãs Doroteias, dada a ausência de competências específicas para o desempenho de trabalhos qualificados, evitando que essas jovens mulheres ficassem à mercê dos afazeres mais desclassificados ou, não raro, da própria prostituição.
A partir de 1926, com o apaziguamento social e político, a instituição ganha novo fôlego, a que não são alheios o trabalho esforçado e militante da D. Maria Joana Mendes Leal e do Padre Júlio Marinho S.J., quer com o jornal da instituição, o A Protecção, quer com a casa de abrigo que entretanto é adquirida na Rua da Costa do Castelo. O jornal A Protecção, começando a editar-se em Abril de 1932, representa não só um marco relevante no contexto da imprensa católica da época, como constitui um elo importante de ligação entre as várias estruturas da instituição espalhadas pelo país. Mais do que um simples veículo ideológico, é um elo de ligação efectivo entre os lugares mais recônditos da ruralidade e a direcção da instituição, sobretudo se nos lembrarmos que à época a rádio é praticamente inexistente e a televisão ainda não tinha dado sequer os seus primeiros passos. A Casa da Costa do Castelo, como será comummente designada, situada no coração de Lisboa, é o local onde se acolhem todas as necessitadas, ou em procura de trabalho acabadas de chegar da província, ou nas mais diversas circunstâncias da vida como seja, nomeadamente, em situações de desemprego. Dispondo a casa de três andares e um jardim circundante, é um local de referência obrigatório para todas as mulheres em situação de precariedade ou dificuldade, desenvolvendo um trabalho ímpar de bem-fazer social.
Desta sorte, em Abril de 1935, na Sociedade de Geografia, com a presença do Presidente da República e do Cardeal Cerejeira, o Estado reconhece publicamente o trabalho até então desenvolvido e a ACISJF é agraciada com a comenda da Ordem da Benemerência. Presentes inúmeras personalidades da vida política e social, “mais de 5.000 pessoas enchiam por completo a linda sala: membros do governo, oficiais do exército, lentes, deputados, clero, nobreza e povo”, na descrição com que o A Protecção nos relata o quadro. A D. Maria Joana Mendes Leal é apresentada por um deputado da Assembleia Nacional como exemplo da “mulher portuguesa que pelo espírito e pelo coração procura abrir os caminhos de Cristo a bem da Nação”, sublinhando também que “o Estado não pode ficar indiferente perante esta Obra que tão valiosa colaboração lhe presta”. No discurso que a D. Maria Joana pronuncia por essa ocasião, frisa e enaltece o programa da instituição de que é dirigente: “1. Protecção às raparigas no campo; 2. Protecção às viajantes; 3. Protecção às raparigas nas cidades, sobretudo às isoladas”, não se eximindo de, directamente, solicitar ao Presidente apoio para a criação “de uma escola doméstica para tantas raparigas que pretendem empregar-se e, por falta de habilitações, para aí andam de casa em casa, até levarem um dia caminho...”.
Ouvido o apelo, a partir de 1937 a instituição torna-se mais operativa e funcional, o seu papel de entidade formadora e educativa reforça-se com a criação da Escola Profissional Doméstica, localizada em Sintra, na Casa da Gandarinha. Aí ministra cursos diversificados e práticos de trabalhos caseiros, sem esquecer a leccionação de primeiras letras, serviços esses que se prolongam até aos anos 60 e por onde passam e se formam centenas e centenas de jovens mulheres.
A partir daí a ACISJF sofre a evolução dos tempos, a emigração para a França ou a Alemanha substituem-se aos destinos mais próximos de Lisboa ou Porto. A crescente industrialização vai progressivamente absorvendo a mão-de-obra feminina, transformando o tradicional serviço doméstico no resguardo do lar e da família, no anonimato do trabalho feminino que enxameia a cintura operária das grandes cidades. A própria instituição reformula então os seus objectivos mantendo, contudo, a essência do seu propósito de organização Católica. A sua denominação, até então Associação Católica Internacional das Obras de Protecção às Raparigas, passa a Associação Católica Internacional ao Serviço da Juventude Feminina, reflectindo o espírito de novos tempos, de outros desafios aos quais procura responder. Mantendo, na essência, o carácter de instituição de amparo e auxílio às mulheres, a ACISJF, pela sua história, pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade, é um exemplo a reter de solidariedade e Amor ao próximo.
A partir de 1926, com o apaziguamento social e político, a instituição ganha novo fôlego, a que não são alheios o trabalho esforçado e militante da D. Maria Joana Mendes Leal e do Padre Júlio Marinho S.J., quer com o jornal da instituição, o A Protecção, quer com a casa de abrigo que entretanto é adquirida na Rua da Costa do Castelo. O jornal A Protecção, começando a editar-se em Abril de 1932, representa não só um marco relevante no contexto da imprensa católica da época, como constitui um elo importante de ligação entre as várias estruturas da instituição espalhadas pelo país. Mais do que um simples veículo ideológico, é um elo de ligação efectivo entre os lugares mais recônditos da ruralidade e a direcção da instituição, sobretudo se nos lembrarmos que à época a rádio é praticamente inexistente e a televisão ainda não tinha dado sequer os seus primeiros passos. A Casa da Costa do Castelo, como será comummente designada, situada no coração de Lisboa, é o local onde se acolhem todas as necessitadas, ou em procura de trabalho acabadas de chegar da província, ou nas mais diversas circunstâncias da vida como seja, nomeadamente, em situações de desemprego. Dispondo a casa de três andares e um jardim circundante, é um local de referência obrigatório para todas as mulheres em situação de precariedade ou dificuldade, desenvolvendo um trabalho ímpar de bem-fazer social.
Desta sorte, em Abril de 1935, na Sociedade de Geografia, com a presença do Presidente da República e do Cardeal Cerejeira, o Estado reconhece publicamente o trabalho até então desenvolvido e a ACISJF é agraciada com a comenda da Ordem da Benemerência. Presentes inúmeras personalidades da vida política e social, “mais de 5.000 pessoas enchiam por completo a linda sala: membros do governo, oficiais do exército, lentes, deputados, clero, nobreza e povo”, na descrição com que o A Protecção nos relata o quadro. A D. Maria Joana Mendes Leal é apresentada por um deputado da Assembleia Nacional como exemplo da “mulher portuguesa que pelo espírito e pelo coração procura abrir os caminhos de Cristo a bem da Nação”, sublinhando também que “o Estado não pode ficar indiferente perante esta Obra que tão valiosa colaboração lhe presta”. No discurso que a D. Maria Joana pronuncia por essa ocasião, frisa e enaltece o programa da instituição de que é dirigente: “1. Protecção às raparigas no campo; 2. Protecção às viajantes; 3. Protecção às raparigas nas cidades, sobretudo às isoladas”, não se eximindo de, directamente, solicitar ao Presidente apoio para a criação “de uma escola doméstica para tantas raparigas que pretendem empregar-se e, por falta de habilitações, para aí andam de casa em casa, até levarem um dia caminho...”.
Ouvido o apelo, a partir de 1937 a instituição torna-se mais operativa e funcional, o seu papel de entidade formadora e educativa reforça-se com a criação da Escola Profissional Doméstica, localizada em Sintra, na Casa da Gandarinha. Aí ministra cursos diversificados e práticos de trabalhos caseiros, sem esquecer a leccionação de primeiras letras, serviços esses que se prolongam até aos anos 60 e por onde passam e se formam centenas e centenas de jovens mulheres.
A partir daí a ACISJF sofre a evolução dos tempos, a emigração para a França ou a Alemanha substituem-se aos destinos mais próximos de Lisboa ou Porto. A crescente industrialização vai progressivamente absorvendo a mão-de-obra feminina, transformando o tradicional serviço doméstico no resguardo do lar e da família, no anonimato do trabalho feminino que enxameia a cintura operária das grandes cidades. A própria instituição reformula então os seus objectivos mantendo, contudo, a essência do seu propósito de organização Católica. A sua denominação, até então Associação Católica Internacional das Obras de Protecção às Raparigas, passa a Associação Católica Internacional ao Serviço da Juventude Feminina, reflectindo o espírito de novos tempos, de outros desafios aos quais procura responder. Mantendo, na essência, o carácter de instituição de amparo e auxílio às mulheres, a ACISJF, pela sua história, pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade, é um exemplo a reter de solidariedade e Amor ao próximo.